sábado, 4 de maio de 2013

“Como é que Henrique luta por Dilma e defende aliança de partido contra Dilma?”

A aliança do PMDB com o DEM no Rio Grande do Norte volta, mais uma vez, à discussão pública estadual. O deputado estadual Nélter Lula de Queiroz, da ala do PMDB ligada ao presidente da Câmara, Henrique Alves, recebeu do seu líder um “carão”, esta semana, por ter apresentado um requerimento solicitando um título de Cidadão Norte-Rio-Grandense para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB e pré-candidato a presidente da República, e para o ministro da Integração Nacional, afilhado político de Campos, Fernando Bezerra Coelho (PSB). Além disso, Henrique também censurou Nélter, pelas críticas que o parlamentar estadual fez no plenário da Assembleia Legislativa à política de desoneração do governo federal, que atinge a receita dos municípios.
Ao Jornal de Hoje, Nélter rebateu as críticas de Henrique, reprovando o que considera uma incoerência do líder do PMDB potiguar e atual presidente da Câmara dos Deputados, que, ao lutar pelo governo Dilma Rousseff, defende no Rio Grande do Norte a aliança do seu partido, o PMDB, com o DEM da governadora Rosalba Ciarlini e do senador José Agripino Maia, presidente nacional dos Democratas, partido que faz oposição programática ao governo do PT do ex-presidente Lula e da atual presidente da República Dilma Rousseff.
“O que tenho a dizer ao deputado Henrique é que ele me reclamou que eu estava fazendo críticas a Dilma Rousseff. Aí, pergunto: como é que Henrique luta por Dilma Rousseff e, incoerentemente, ele defende uma aliança de um partido contra Dilma Rousseff? Como todo respeito a Henrique, acho isso complicado”, afirmou Nélter.
Segundo o peemedebista, Henrique reclamou quando ele, democraticamente, estimulou a candidatura de Eduardo Campos, como nordestino, e fez críticas ao governo Dilma Rousseff, que está maltratando as Prefeituras na questão do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), diminuindo a receita dos municípios, zerando o Fundo de Participação (FPM), impactando negativamente  em mais de 50% dos municípios do Rio Grande do Norte.
“Fiz uma crítica construtiva. Disse que ela (Dilma Rousseff) devia rever essa questão do IPI, até dispensar, mas o que não podia era o município ser prejudicado com o FPM zerado. Eu disse que o governo federal devia dar uma recompensa aos municípios na questão do FPM. O governo federal dá desconto, mas não recompensa”, ajuntou o peemedebista.
Sobre ter estimulado a candidatura de Eduardo Campos, Nélter Lula de Queiroz assegura que o fez de modo pessoal, jamais em nome do partido. “Estimulei a candidatura de Eduardo Campo, não em nome do partido, mas no meu nome pessoal. O governador de Pernambuco tem mais de 90% de aprovação popular. É importante estimular, até para Dilma ter maior respeito com os municípios”.
Ainda segundo Nélter, “o deputado Henrique me reclamou porque estimulei a candidatura. Acho que o deputado está esquecendo que está querendo uma aliança com um partido que não comunga com a aliança nacional do PMDB e o PT. Acho que é incoerência”.
Aliança com DEM
Rival do DEM no plano nacional, no Rio Grande do Norte o PMDB é aliado do governo Rosalba Ciarlini, que tem entre seus formuladores o senador José Agripino Maia, presidente nacional do Democrata e arquirrival do presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff. Para justificar a aliança local, Henrique afirma que, como presidente da Câmara dos Deputados, é preferível ser aliado, “para ajudar o desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, do que ser adversário. Como aliado, ratifica Henrique, há como apressar convênios, repasses federais, projetos e obras, de modo a beneficiar o Estado. Como adversário, o diálogo fica restrito e isso poderia dificultar a consecução de benfeitorias para o Estado.
Porém, haveria também justificativa política local para a aliança do PMDB com o DEM no Rio Grande do Norte. Esta se pautaria na possibilidade de Henrique vir a ser candidato a governador em 2014. Diante da impossibilidade de o DEM montar palanque para Dilma Rousseff no Rio Grande do Norte, o PMDB em algum momento terá de romper com o DEM. Até lá, entretanto, Henrique tentará se viabilizar como candidato a governador. Se conseguir, será candidato com o apoio do PMDB e do PT, provavelmente numa chapa com o PT, tendo a deputada federal Fátima Bezerra como candidata ao Senado, numa aliança ainda com o PR que poderá ter o deputado federal João Maia, presidente estadual do PR, como candidato a vice-governador.
Do contrário, caso não se viabilize candidato a governador, o rompimento com o DEM poderá significar o apoio do PMDB à candidatura do vice-governador Robinson Faria, presidente estadual do PSD, partido que está cada vez mais comprometido com a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Neste caso, a chapa seria Robinson candidato a governador, a deputada Fátima candidata ao Senado, com o PMDB indicando o candidato a vice-governador, neste caso, provavelmente, o atual líder do partido na Assembleia Legislativa, deputado estadual Walter Alves, filho do ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB).

Gustavo: “O eleitor ficará confuso se PMDB não se decidir em 2013”
O deputado estadual Gustavo Fernandes (PMDB), primeiro secretário da Assembleia Legislativa, disse que o eleitor do Rio Grande do Norte ficará “confuso” em relação ao PMDB, caso o partido deixe apenas para 2014 a decisão em relação à candidatura do partido a governador do Estado. Segundo ele, a decisão tem que ser antes de 2014.
“A definição tem que ser antes de 2014, talvez, no máximo, no final desse ano já se tenha essa definição, porque, se ficar muito em cima do pleito, vai deixar o eleitor e a população confusos. E acho que 2013 é ano em que vem muito dinheiro para o Estado, está prometendo muita obra. Se isso se transformar, para o governo do Estado, em melhorias e aceitação popular, será um fato. Se não, então, em 2014, o PMDB tem que estudar qual estratégia melhor para fortalecer o partido e o grupo”, avaliou Fernandes.
Fernandes salienta que “existe muita insatisfação com o governo estadual. O governo vem prometendo melhoras, mas em alguns setores isso não vem acontecendo”. Por isso, o peemedebista considera “normal” a defesa feita pelo líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado estadual Walter Alves, para que o PMDB tenha candidato a governador e que este nome seja o do atual presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. Para Gustavo Fernandes, “pela posição de Henrique, pela força, pela experiência política de 40 anos de vida pública, toda essa experiência e essa bagagem credencia ele a ser candidato a governador”.
“Claro que está muito cedo ainda. A gente vem batendo nessa tecla há muito tempo. A eleição é próximo ano”, pondera o parlamentar, destacando que “o ano de 2013 é de trabalho, e não de eleição”. Contudo, afirma que até 2014, os líderes peemedebistas precisam se definir quanto a que posição tomar. “Daqui para lá eu acho que se a base do PMDB continuar insistindo e achando que o melhor nome deve ser do PMDB, sendo Garibaldi ou Henrique, eu acho que nossos líderes teriam que olhar com outros olhos e ser sensíveis ao clamor dos seus liderados e do povo”, afirmou. “Mas, como eu digo, e repito: ainda está cedo para o pleito político de 2014″.
INSATISFAÇÃO
Neste momento, a discussão sobre o lançamento de candidatura própria do PMDB a governador se fortalece, segundo o deputado Gustavo Fernandes, porque “a insatisfação com o governo do Estado é grande”. Ela afirma que vários prefeitos que seguem sua liderança e votaram na governadora hoje estão insatisfeitos. “A insatisfação é grande. Tenho vários prefeitos que têm ligação comigo e votaram na governadora e que hoje ainda são insatisfeitos com uma falta de atenção, com uma falta de diálogo, para com seus municípios. Esperamos que o governo reaja em relação a isso, e tenha algumas ações. 2013 é o ano para isso. Se em 2013 isso não acontecer, para 2014 a gente tem que discutir outros planos”.

Fonte: jornaldehoje.com.br